Bruno nega ordem para sumir com Eliza e diz que cuidará de filho

Bruno nega ordem para sumir com Eliza e diz que cuidará de filho

 

O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes afirmou , em carta enviada nesta quinta-feira ao programa TV Verdade, da emissora mineira Alterosa, que não deu ordens para o desaparecimento de sua ex-amante, Eliza Samudio, que sumiu em 2010. Na mensagem, entregue ao programa pelo advogado Rui Pimenta, o atleta diz que cuidará do filho de Eliza, Bruninho, que ela dizia ser dele. "O Bruninho tem, sim, um pai, sempre teve, e vou honrar esse compromisso perante a sociedade."

"Te confesso, pelo sangue de Cristo Jesus, que nunca desejei, ordenei ou determinei, a quem quer que seja, o desaparecimento de Eliza Samudio", diz a carta, lida no ar. "Estou pagando já dois anos de prisão por um possível crime que não cometi e nem ordenei. Mas Deus é minha testemunha e saberá cobrar quem merece." O goleiro ainda reafirmou sua inocência. "Talvez o único erro da minha vida foi ter confiado em algumas pessoas, mas vou lutar com todas as forças para provar para o mundo que sou inocente", diz o documento.

Plano B
A edição desta semana da revista Veja publicou uma carta que seria de Bruno a Macarrão. Na correspondência interceptada, Bruno diz ao amigo que, após conversar muito com os advogados, eles chegaram à conclusão de que "a melhor forma para resolvermos isso é usando o plano B". Segundo a revista, o plano A seria negar envolvimento no desaparecimento da ex-amante de Bruno, Eliza Samudio. No plano B, Macarrão assumiria a culpa para livrar o goleiro da cadeia.

O advogado de Bruno, no entanto, polemizou ao afirmar ao jornal O Estado de S. Paulo que o "plano B" seria, na verdade, o fim do relacionamento de seu cliente com o amigo. Bruno, segundo outro advogado, nega a versão. A defesa de Macarrão ameaça processar Rui Pimenta pelas afirmações sobre a sexualidade do amigo do goleiro.

O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

 

 

Terra

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