Policial diz que ONGs aceitam delatar esquema no Ministério do Esporte

Policial diz que ONGs aceitam delatar esquema no Ministério do Esporte

Em novo depoimento de mais de quatro horas à PF (Polícia Federal), na tarde de desta segunda-feira (24), o policial militar João Dias informou que pelo menos vinte ONGs (Organizações Não Governamentais) aceitaram delatar o suposto esquema de arrecadação de propina que o PCdoB teria montado no Ministério do Esporte com entidades conveniadas ao programa Segundo Tempo.

As entidades, segundo ele, vão depor nos próximos dias. Dias disse que o esquema incluía o pagamento, pelas ONGs, de um "pedágio" de 10 a 20% para um escritório de consultoria e a contratação dos serviços de um cartel de seis empresas indicadas pela cúpula do Ministério do Esporte, ligadas ao PCdoB.

Pelo menos 20% de todo o dinheiro dos convênios firmados com 300 ONGs, afirma o policial, eram desviados e parte ia para financiar a estruturação do partido e campanhas de candidatos. “Fui vítima de chantagem e retaliações porque não aceitei as condições absurdas que me exigiam”, comentou João Dias. Além dessas ONGs, o policial deu à PF os nomes de outras dez entidades que, segundo garante, aceitaram condições irregulares para obter recursos do programa.

Segundo ele, as organizações não governamentais, para receber os recursos do programa Segundo Tempo e não ser molestadas na prestação de contas, tinham de comprar produtos e serviços de um "pool" de seis empresas. Entre as entidades citadas por Dias há cinco de Brasília, uma do Rio, uma de Santa Catarina, e três entidades da Bahia.

O policial reafirmou que o ministro Orlando Silva sabia de todo o esquema, que seria operado pelos seus principais auxiliares na pasta, entre os quais o chefe de gabinete, o secretário executivo, o secretário nacional de Esportes Educacionais e os chefes de áreas técnicas e jurídica.

Ele disse ter entregue à PF documentos novos, 13 áudios e outras mídias, como CDs, que comprovariam os desvios de recursos públicos. Entre as mídias, estão dois áudios, publicados pela revista Veja no último fim de semana, nos quais dirigentes do Ministério instruem o policial a fraudar documentos de prestação de contas de dois convênios firmados com a pasta por meio de duas ONGs que ele dirige.

O PM afirmou ainda que nenhum dos áudios e mídias contém imagem ou voz do ministro, mas observou que seria impossível que ele não soubesse do esquema. “Se ele não sabia, como alega, não devia se considerar ministro porque as exigências eram feitas por assessores diretos e em nome dele. O próprio secretário executivo dele me atendeu para dar instruções em nome do ministro”, disse.

A PF não divulgou o teor do depoimento e informou, pela assessoria, que ainda não fechou o calendário de intimações. O depoimento não teve a presença dos advogados do policial. Desde que as denúncias vieram à tona, Orlando Silva vem negando veementemente as acusações. Na semana passada, a pasta divulgou uma carta rebatendo uma a uma as acusações de João Dias.

Após se reunir com o ministro na última sexta-feira (21), a presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota em que afirma que o governo “não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”.

 

Agência Estado com R7 

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