A face oculta das dietas

A face oculta das dietas

A obesidade virou assunto nas mais diversas rodas e não só em grupos de mulheres preocupadas com a boa forma física. Sabemos que a obesidade é, sim, um problema de saúde pública, inclusive a única doença não infecciosa declarada como epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estudos recentes, apoiados pela organização, mostram que o índice de obesidade dobrou entre 1980 e 2008. Os Estados Unidos lideram o ranking, mas o Brasil também está entre os países com números preocupantes.

Há, porém, um mal pouco conhecido e até negligenciado, que afeta uma em cada quatro pessoas no mundo. A fome oculta, ou deficiência de vitaminas e minerais, representa um duro golpe para as economias globais. De acordo com o World Food Programme, programa de combate à desnutrição vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), a deficiência de micronutrientes pode derrubar o PIB de um país em até 3%.

A falta de micronutrientes é a causa de morte de um enorme contingente, não por falta de alimento, mas por carências nutricionais que, nos estágios iniciais, são assintomáticas. O quadro é resultado de uma alimentação pouco equilibrada, atingindo diversas classes sociais e não só os estratos socioeconômicos menos privilegiados. Os dados são alarmantes. São mais de dois bilhões de indivíduos nessa situação; uma criança morre a cada cinco segundos em decorrência desse quadro. A falta de vitaminas e minerais é responsável por 7,3% das doenças que afetam a população mundial e a deficiência de ferro, zinco e vitamina A está entre as 10 principais causas de morte ao redor do mundo.

No Brasil, a última análise do consumo alimentar pessoal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou uma dieta rica em carboidratos e pobre em vitaminas, o que representa um cenário propício ao aumento da obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis, como cegueira noturna leve no caso da hipovitaminose A ou osteoporose na falta de vitamina D. Tomando por base as recomendações do Ministério da Saúde, menos de 10% da população atinge a quantidade ideal de consumo de frutas e legumes. Em contrapartida, há um excessivo consumo de açúcar por 61% da população e de gordura saturada por 82%. Quanto ao sódio, mais de 70% das pessoas apresentam ingestão inadequada.

Apesar de a fome oculta estar em queda ao longo das últimas três décadas, o problema ainda assusta o País, que tenta alcançar relevância no cenário internacional como a oitava maior economia do mundo. O déficit de altura das crianças, importante indicador dessa deficiência por revelar atraso no desenvolvimento infantil, caiu consideravelmente: de 29,3% (1975) para 7,2% (2009) entre meninos e de 26,7% para 6,3% nas meninas. Ainda assim, quase um décimo da população infantil brasileira se desenvolve de maneira inadequada, com maior predominância na zona rural da Região Norte, onde 16% dos meninos e 14% das meninas apresentaram o problema. Em crianças com menos de cinco anos, houve uma pequena redução no déficit de altura em todo o território nacional, de 7% em 2007 para 6% em 2009.

Uma doença global

Em países desenvolvidos, a solução encontrada foi tratar a fortificação de alimentos como política de saúde pública. Essa ação, pode-se dizer, já tem resultados consistentes nos Estados Unidos e na Europa. Na América Latina há alguns exemplos bem sucedidos.

Em parceria com governos e agências de controle de saúde, a DSM tem atuado fortemente para erradicar o problema. Na Costa Rica, por exemplo, há uma lei que obriga a fortificação de arroz, base alimentar da população local, e a empresa é fornecedora dos ingredientes. O Panamá adotou a mesma medida em 2010 e Equador, Colômbia e República Dominicana estudam fazer o mesmo.

No Chile, há cerca de dois anos, o leite distribuído às gestantes é enriquecido com o Ômega 3 da DSM, garantindo o bom desenvolvimento cognitivo dos bebês. Com pioneirismo na América Latina, o país adota a fortificação da farinha de trigo com ferro e vitaminas desde 1951. Em 1999 foi realizado um programa complementar de enriquecimento do leite com o Purita Fortificada, desenvolvido pela DSM. O índice de anemia em recém nascidos diminuiu de 28,8% para 8,9% em 2000.

Existe solução?

É claro que a fortificação de alimentos, como todas as intervenções públicas em nutrição, precisa ser tratada com responsabilidade. A factibilidade econômica, sem dúvida, é o que mais pesa para o sucesso de iniciativas dessa natureza. Dados coletados pelos Copenhagen Consensus Center, ligado à Copenhagen Business School, apontam que para fornecer quantidade suficiente de vitamina A para uma só criança, por um ano, o custo é de apenas U$ 1,20. O Zinco custa ainda menos, U$ 1.

No Brasil é chegada a hora de olharmos com seriedade para essa questão, se queremos ter uma população saudável, compatível com a imagem que desejamos projetar para o mundo. Mais do que leis que obriguem a adoção de medidas nesse sentido, é preciso adotar uma política educacional consistente voltada à nutrição adequada da população.

 

Da Redação

 

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