ONU: número de usuários de drogas cresceu 30% em 10 anos

ONU: número de usuários de drogas cresceu 30% em 10 anos
Foto: Reprodução/TVCidade/RecordTV.

Em 2018, cerca de 269 milhões de pessoas usaram drogas em todo o mundo, 30% a mais que em 2009. Ao mesmo tempo, mais de 35 milhões de usuários sofreram de transtornos causados por uso de drogas.

Estas são algumas das conclusões do Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado esta quinta-feira, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.

Pandemia

A pesquisa analisa o impacto da Covid-19 sobre o mercado de entorpecentes. Embora seus efeitos ainda não sejam totalmente conhecidos, as restrições de fronteira e outros serviços levarem à escassez e a um aumento de preços e níveis reduzidos de pureza.

O aumento do desemprego e a redução das oportunidades afetam desproporcionalmente os mais pobres, tornando-os mais vulneráveis ao uso de drogas e ao tráfico e cultivo dessas substâncias para ganhar dinheiro.

A diretora-executiva do Unodc, Ghada Waly, afirma que “são os grupos vulneráveis e marginalizados, jovens, mulheres e pobres que pagam o preço pelo problema mundial das drogas.”

Waly diz que a crise “ameaça agravar ainda mais os perigos das drogas num momento em que os sistemas sociais e de saúde estão à beira do abismo e as sociedades lutando para lidar com isso.”

Segundo a chefe da agência, é preciso apoiar mais os países em desenvolvimento no combater ao tráfico ilícito e financiar serviços relacionados com dependência. Para ela, só assim se poderá cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, sem deixar ninguém para trás.

Consequências

Devido à Covid-19, os traficantes e criminosos deverão encontrar novas rotas e métodos. As atividades de tráfico usando internet e correio podem aumentar.

A pandemia também levou à escassez de opiáceos, o que pode resultar em pessoas buscando substâncias como álcool ou drogas sintéticas. Segundo a pesquisa, a crise deve levar ainda a padrões de uso mais prejudiciais com drogas injetáveis.

A pesquisa faz um alerta sobre a resposta dos governos, dizendo que devem evitar repetir o erro da crise de 2008, quando reduziram os serviços de prevenção e tratamento. As operações de interceptação e a cooperação internacional também podem ser enfraquecidas, facilitando a operação dos traficantes.

Tendências

A cannabis, usada na produção da maconha, continua sendo a substância mais usada em todo o mundo, com 192 milhões de usuários.

Os opioides permanecem os mais prejudiciais. Na última década, o número total de mortes causados por estas substâncias aumentou 71%, com um crescimento de 92% entre as mulheres, comparado a 63% entre os homens.

No período 2000-2018, o uso aumentou mais rapidamente nos países em desenvolvimento no em países desenvolvidos. Adolescentes e jovens representam a maior parte dos usuários colocando em risco habilidades cognitivas porque estas populações são mais vulneráveis e seus cérebros ainda estão em desenvolvimento.

Leis

Segundo o Unodc, ainda é difícil avaliar o impacto das leis que legalizaram a maconha em alguns territórios. Por enquanto, o relatório afirma que o uso frequente aumentou após a legalização e, em algumas regiões, surgiram produtos de cannabis mais potentes.

A maconha também continua sendo a droga que coloca mais pessoas em situações de violação da lei. Entre 2014 e 2018, mais da metade dos casos de crimes relacionados à legislação antidrogas era sobre maconha.

Opioides farmacêuticos

A disponibilidade de opioides farmacêuticos para consumo médico varia em todo o mundo, com países de baixa renda sofrendo uma escassez crítica destas drogas para tratamento da dor e cuidados paliativos.

Mais de 90% desses opioides estavam em países de alta renda em 2018, representando cerca de 12% da população global. Por outro lado, as nações de baixa e média renda, que representam 88% da população global, consumiram menos de 10% destes produtos. 

Por fim, as populações mais desfavorecidas em termos socioeconômicos continuam enfrentando maiores transtornos. Pobreza, educação limitada e marginalização ainda são os principais fatores de risco. Grupos vulneráveis e marginalizados também podem enfrentar barreiras para tratamento devido à discriminação e estigma.

Fonte: ONU News.

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