Uma história de superação e resiliência tem chamado a atenção no Maranhão e nas redes sociais. Aos 20 anos, Júlia Micaele Ribeiro Carvalho, uma jovem do interior do estado, enfrenta uma condição rara que a fez vivenciar duas fases importantes da vida de uma mulher de forma precoce: a puberdade aos 4 anos e a menopausa aos 16. Sua jornada, marcada por tratamentos hormonais na infância e uma cirurgia delicada na adolescência, se tornou um exemplo de força e inspiração para muitas mulheres.
Natural de Pedreiras, no Maranhão, Júlia começou a apresentar sinais de desenvolvimento acelerado aos 4 anos. A puberdade precoce, que, segundo a ginecologista Patrícia Tourinho, ocorre em meninas antes dos 8 anos e em meninos antes dos 9, foi identificada e acompanhada de perto por médicos. Júlia conta a dificuldade em assimilar as mudanças em seu corpo tão jovem:
“Eu olhava as outras meninas se trocando todas juntas e eu via o quanto que o meu corpo era diferente do delas. Eu via o quanto a minha altura era diferente da delas e foi muito difícil, muito difícil mesmo. E eu não entendia. Eu perguntava para minha mãe o que era. E o tratamento também. Quando eu fui fazer o tratamento, eu não queria estar tomando as injeções. Foi complicado a minha cabecinha tentar assimilar tudo isso.”
O diagnóstico levou a tratamentos hormonais na infância para tentar retardar o processo, uma abordagem comum em casos de puberdade precoce. A Dra. Patrícia Tourinho destaca a importância do acompanhamento médico: “Os pais têm que ficar atentos nessas situações e procurar logo uma ajuda com o ginecologista para poder retardar esse efeito através de medicação.”
Aos 16 anos, a jornada de Júlia tomou um novo rumo. A jovem foi diagnosticada com um cisto hemorrágico nos ovários, que resultou na necessidade de uma cirurgia para a remoção dos órgãos. O procedimento a levou à menopausa precoce. A menopausa precoce, causada pela perda da produção hormonal, exige acompanhamento contínuo e tratamentos de reposição hormonal.
“Eu era o tempo todo em clínica, era o dia inteiro em clínica, ultrassom, mede tamanho, mede não sei o quê. Então, era muita coisa. E logo após, a surpresa indesejável, né, que foi a menopausa que foi ocasionada por um cisto hemorrágico repentino. Do nada, ele foi lá, apareceu, arrasou, fez o trabalho dele e me deixou com menopausa precoce aos 16 anos.”
A ginecologista Patrícia Tourinho explica os impactos da menopausa precoce, que afeta a proteção cerebral, cardíaca, óssea e a possibilidade de gestação. “Ela é uma paciente que precisa ser muito bem acompanhada. Existem tratamentos parae reposição hormonal que ela necessita fazer, que o organismo dela precisa desse hormônio.”
De Desafio a Inspiração
A história de Júlia tem gerado grande repercussão nas redes sociais, com a jovem compartilhando sua jornada para auxiliar outras mulheres e mães que enfrentam desafios semelhantes. Júlia não se limita aos obstáculos do passado, mas os utiliza como motivação para o futuro.
“Atualmente eu já ajudo muitas mulheres só falando, né, da minha história, muitas mães também, em relação a tanto a puberdade precoce quanto a menopausa precoce. Então, eu acredito que eu tenho um chamado muito grande para esse ramo de especialidade.”
Com o desejo de transformar sua experiência em profissão, Júlia planeja estudar Medicina no Paraguai. Seu objetivo é se especializar em ginecologia, com foco em menopausa precoce e saúde da mulher.
Mais informações na reportagem de Nicolly Jansen, para a TV Cidade | RECORD.
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